30 de janeiro de 2006


Apeteces-me                                                       


Apeteces-me,
Mesmo que
seja tarde de mais,
Quero-te aqui.
Com a nudez jogada no chão,
Com o
teu corpo cheio de palavras escritas
Pela minha boca,
Pelas minhas mãos,
Pela dança vertiginosa
Inquieta dos meus dedos.

Dizes-me,
Em
sons que não devias estar aqui
Mas estás.
Sempre estiveste,
Ao mesmo
tempo em que sempre fugiste.

Dizes-me,
Que é errado o orgasmo
nascido entre os nossos corpos.
Chamas-lhe:
Traição,
Reatamento
Solidão.
Eu apenas lhe dou um nome:
Conseqüência,
Dos que nos
pedem os corpos do que queremos nós.

Dizes que tens de ir embora.
Dizes que tens outros braços à tua espera.
Deixo-te ir,
Como sempre
o fiz.
Sabendo que voltará à procura do meu odor,
Do meu sorriso,
Dos meus caracóis deitados em teus seios
Do meu desejo no teu ventre.

Apeteces-me
Não como vício,
Não como ódio.
Como
realidade.

Por Laila Braga 01:41

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26 de janeiro de 2006


Traga-me                                                       

Depois de muita enrola o endereço novo.
Isso seria chamado de ócio criativo? Não ficou de todo ruim, mas não gostei desse final. Já fui melhor do que isso. É só uma fase ruim...



Traga-me
Num raio de luz toda a embriaguez
Do conforto utópico Causado pela sociedade
Que sofre em silêncio
Calados pelas leis das ruas
E pelos corpos sem espírito que caminham entre nós.

Leve-me
Ao jardim mais vazio
Onde a orquestra da natureza parou de soar
Onde os lírios Permanecem calados
Beijados pelos luz da lua
E tranqüilizados pelo cheiro adocicado que entorpece a mente.

Sangra-me
Numa doença sem cura,
Criada por um coração amargo
E pela tristeza no olhar dos que caminham sem destino
Buscando num mundo metafórico alguma razão.

Adormeça-me
Perdido num buraco escuro
Para que meus cerrados não vejam as folhas caírem
E não percebam que os raios de luz
Vistos ao longe são apenas ilusão.

Por Laila Braga 00:38

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