29 de outubro de 2007





Ela vem vestida de branco e de olhar confuso. Linda morena se perde em confusões de pensamentos. Dele não quer mais saber. Dela não pode mais querer. Apenas olha e entre doses e outra tenta controlar o seu desejar. Lembra da velha frase: “Pecado não é o desejo, é render-se a ele”. Olha, olha, observa. Grava os movimentos, os sorrisos, o suspiro fora de hora. O que será que pensa quando escurece teu olhar ao olhar para o céu?

Ninguém sabe devera quem sois aquela linda dama de nariz empinado, olhos expressivamente tímidos e andar de “não se aproxime”. Logo que chega, mexe com todos ao seu redor. É exaltada, aclamada, requisitada. Uma dose, mas uma e outra. Um copo, dois copos, a garrafa. Ri. Gargalha alto. Acende um cigarro. Olha para o céu. A lua, poucas estrelas. Cinza. Saudades. Respira fundo e volta para o ponto de onde havia parado. Mais risos, mais doses, mais copos, mais garrafas, muito mais cigarros. "Ah, saudades daqueles olhos. Saudade daquela energia". Não, não pense nisso agora. Distraia-se, é para isso que veio aqui. Distraiu-se tanto que não percebe os olhares ousados que a linda morena lhe lançava.

Errado, errado, errado. Gritava para se mesma. Coloque isso na cabeça. O que faço aqui? Não posso. Tenho de ir para casa. Mas não quero. Não posso mais olhar para a cara daquele homem há quem um dia chamei de meu. A linda menina do nariz empinado tomou conta dos teus pensamentos. Desde aquele dia em que se olharam distraidamente uma das partes se aprisionou. Olhos expressivamente tímidos que não dizem nada. Como posso? Encontra-me inebriada por uma menina que se quer nota pessoas a sua volta e olha para o céu como que esperando por um disco voador?

Levanta. Cabaleia. Tira o telefone do bolso. Liga pra alguém e põem-se a andar.

Lá se vai ela por mais uma noite. Quem será esse? Para onde irão? Melhor não pensar. Lá se foi a menina dos mil mistérios...


"E quando eu respiro
Lhe tirando o ar
Você abre as narinas doidas
E felinas
pronto a sufocar"

Por Laila Braga 22:07

|