
♪♫Casaca - Ilha♪♫

Descendo por aquele desfiladeiro ao longe se via paisagens inertes e outras em movimentos. O azul cristalinado das águas quase nunca tocadas; o verde de folhas, sopradas por vento brando e vezes violento; alguns poucos bichos em movimento sintonizados que por horas passam e por horas sumiam.
Todo aquele mistifório que fazem os mortais acreditarem em um Deus ou força maior. Tudo ali. Colado na retina que ainda não crê no lhe aparece frente aos olhos. Em meio ao choque e a incredibilidade, percebe tardiamente a aproximação de um ser semelhante, diferente da paisagem, mas ainda assim tão hipnotizante o quanto todas as visões dos últimos segundos.
Sentia aquele calafrio e pusera a pensar: “que idiota, sempre faz isso. Agora vai começar a suar e não vai conseguir estabelecer qualquer diálogo que não seja óbvio.” Vem se aproximando, chegando perto. Já é possível sentir lhe o cheiro, ouvir a respiração, sentir lhe o coração acelerar e sem explicação percebe tudo silenciar.
Por onde foi? Por que não completou tal trajeto? Onde encontrar? Perguntas surgidas em grande agonia, e as vozes interiores voltam falar: “que idiota, sempre faz isso. Porque não foi falar? Viu ai? Assustou nobre criatura. Abestalhado, abestalhado e abestalhado.” Segura à cara de pânico e tenta achar nova concentração perante a primeira paisagem avistada, mas não consegue. Sentiu-se fraco. Triste. Solitário. Quer dividir a sensação com tal pessoa desconhecia que acabara de expulsar. Sonhador. Sempre fora sonhador sem qualquer coragem de concretizar.
Sobe pelo desfiladeiro. A paisagem perdeu toda a graça e graça precisa de um novo começo concretizado.
"E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."
(Fernando Pessoa)
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Fazendo Piadas pela Sociabilidade Seletiva
Entre, divirtam-se e comentem... Por que pra ser retardado é preciso talento ;)