5 de agosto de 2007





"Carta para alguém bem de perto..."

Queria saber para onde foi à energia daquela menina que me fazia sorrir. Ainda não sei onde me perdi, mas como sempre me perco não me sinto apavorada. Assumo que senti certo frio na espinha ao ver que não estava mais aqui. Queria falar-lhe sobre algumas coisas, como se escrevesse uma carta. Pensei por vezes em escrevê-las mesmo, mas como sei da falta de coragem que teria em entregá-las, acabei por desistir. Não quero mais amontoar as gavetas com cartas que não mando.

Falando nisso, me lembrei de uma música não sei de quem que tem esse mesmo nome. Há uma frase nela que era tudo que queria lhe dizer agora: "Eu fico imaginando sua casa e seus amigos. Com quem você se deita e quem te dá abrigo. Eu me lembro que já contei com você". É já contei com você. Pra lhe ser sincera ainda conto. A minha força. A minha vontade de coisas boas. Os medos que derrubo. As coisas que venho conquistando. Sim, minhas glórias atuais pertencem a você. Parar de falar ao vento e falar para quem deveria ouvir talvez fosse a minha solução... Mas não, não quero correr o risco de jogar tudo fora.

Sabe, só queria lhe dizer como andam os meus dias. Tenho sentido algumas saudades, brutais como só as reais saudades sabem ser. Saudades daquelas conversas insanas e incessantes da madrugada. Saudades daquele cheiro que eu insistia em sentir. Aquelas músicas... Ah... Aquelas músicas...

Venho tentado me manter de pé. Forte, firme, “fodona”. É difícil, realmente é muito difícil. Talvez fosse isso que você queria que eu aprendesse. Aprender a andar sozinha ainda é o meu maior desafio. Mania que tenho essa de me apoiar. Preciso descobrir a verdadeira força das minhas pernas. Preciso aprender a viver sem a minha inútil terceira perna.

Bom, havia dito que não escreveria cartas para não mandá-las. E aqui está. Uma quase carta que não mandarei...



"Avisos luminosos, meus alarmes
que eu desligava sempre que tocavam
por livre e meio estúpida vontade.
Se agora eu cato a alma pelos cantos
a culpa não foi sua eu te garanto."

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